Capítulo 3.

Os últimos meses se passaram muito rápido, não importa o quanto eu quisesse que o tempo andasse mais devagar para ter mais tempo para me preparar. Faltava apenas dois dias até a minha festa de noivado. Mamãe estava ocupada dando ordens aos funcionários, certificando-se que a casa estivesse impecável e nada desse errado. Não era nem uma grande celebração. Só a nossa família, a família de Joe e as famílias dos respectivos chefes de Nova York e Chicago foram convidadas. Umberto disse que era por razões de segurança. A trégua ainda era muito recente para arriscar um encontro de centenas de convidados.  
Eu, na verdade, gostaria de cancelar tudo. Até onde eu me importava, não precisava fazer nada por Joe até o dia do nosso casamento. Fabiano pulou para cima e para baixo na minha cama, um beicinho no rosto. Ele tinha apenas cinco anos e muita energia. — Eu quero brincar!  
— Mamãe não quer você correndo pela casa. Tudo precisa estar perfeito para os convidados.  
— Mas eles não estão aqui ainda! — Graças a Deus. Joe e o resto dos convidados de Nova York chegariam amanhã. Apenas mais uma noite até eu encontrar meu futuro marido, um homem que já tinha matado com as próprias mãos. Fechei os olhos.  
— Você está chorando de novo? — Fabiano pulou da cama e andou até mim, deslizando sua mão na minha. Seu cabelo loiro escuro estava uma bagunça. Eu tentei arrumá-lo, mas Fabiano sacudiu a cabeça.  
— O que você quer dizer? — eu tentei esconder minhas lágrimas dele. Eu chorava principalmente à noite, quando estava protegida pela escuridão.  
— Lily diz que você chora o tempo todo porque Joe comprou você.  
Eu congelei. Teria que dizer a Liliana para parar de dizer essas coisas. Isso só ia me meter em apuros. — Ele não me comprou. — Mentirosa. Mentirosa.  
— É a mesma coisa, — disse Gianna da porta, assustando-me.  
— Shhh. E se o pai nos ouvir?  
Gianna deu de ombros. — Ele sabe que eu odiei quando ele vendeu você como se fosse uma vaca.  
— Gianna, — eu a adverti, apontando para Fabiano. Ele olhou para mim. — Eu não quero que você vá embora, — ele sussurrou.  
— Eu não vou embora tão cedo, Fabi. — Ele parecia satisfeito com minha resposta, a preocupação desapareceu do seu rosto e foi substituída por uma expressão despreocupada. — Me pega! — Ele gritou e saiu, empurrando Gianna para o lado quando passou correndo por ela.  
Gianna saiu atrás dele. — Eu vou chutar o seu traseiro, seu monstrinho!  
Eu corri para o corredor. Liliana colocou a cabeça para fora de sua porta e, em seguida, ela também correu atrás dos nossos irmãos. Minha mãe teria minha cabeça se eles quebrassem outra relíquia de família. Desci as escadas. Fabiano ainda estava na frente. Ele era rápido, mas Liliana tinha quase o alcançado enquanto Gianna e eu estávamos muito mais lentas nos saltos altos que minha mãe nos forçava a usar para praticar.  
Fabiano correu para o corredor que leva para a ala oeste da casa e nós todas o seguimos. Eu queria gritar para ele parar. O escritório do pai era nesta parte da casa. Ficaríamos muito encrencados se ele nos pegasse brincando. Fabiano deveria agir como um homem. Como um garoto de cinco anos de idade poderia agir como um homem?  
Passamos pela porta de papai e o alívio tomou conta de mim, mas, em seguida, três homens dobraram a esquina no final do corredor. Eu separei meus lábios para gritar, mas já era tarde demais. Fabiano derrapou até parar, mas Liliana bateu contra um homem com força total. A maioria das pessoas teria perdido o equilíbrio. A maioria das pessoas não tinha 1,95m e era constituída como um touro. 
 Eu fiquei em um impasse até voltar a mim. Gianna engasgou ao meu lado, mas meu olhar estava congelado no meu futuro marido. Ele estava olhando para a cabeça loira da minha irmã mais nova, estabilizando-a com as mãos fortes. Mãos que ele tinha usado para esmagar a garganta de um homem.  
— Liliana, — eu disse, com a minha voz estridente de medo. Eu nunca chamava minha irmã por seu nome completo, a menos que ela estivesse metida em problemas ou algo estivesse seriamente errado. Achei que era melhor esconder meu terror. Agora todo mundo estava olhando para mim, incluindo Joe. Seus olhos cinzentos e frios me checaram da cabeça aos pés, demorando-se no meu cabelo. 
 Deus, ele era alto. Os homens ao seu lado tinham ambos mais de 1,80m, mas ele os ofuscava. Suas mãos ainda estavam nos ombros de Lily. — Liliana, vem aqui, — eu disse com firmeza, estendendo a mão. Eu a queria longe de Joe. Ela cambaleou para trás e depois voou para os meus braços, enterrando seu rosto no meu ombro. Joe levantou uma sobrancelha negra.  
— Esse é Joe Vitiello! — Gianna disse prestativamente, nem mesmo se preocupando em esconder seu desgosto. Fabiano fez um som como um gato selvagem enfurecido, correu em direção a Joe e começou a esmurrar suas pernas e seu estômago com seus pequenos punhos. — Deixe Demi em paz! Você não pode ficar com ela!  
Meu coração parou logo em seguida. O homem ao lado de Joe deu um passo adiante. O esboço de uma arma era visível em seu colete. Ele tinha que ser guarda-costas de Joe, embora eu realmente não conseguisse ver por que ele precisava de um.  
— Não, Cesare, — Joe disse simplesmente e o homem se acalmou. Joe pegou as mãos de meu irmão em uma das suas, parando o ataque. Eu duvidava que ele tivesse sentido os golpes. Empurrei Lily para Gianna, que passou um braço protetor em torno dela, e me aproximei de Joe. Dentro da minha mente eu estava com medo, mas precisava tirar Fabiano de perto dele. Talvez Nova York e Chicago estivessem tentando criar seu feudo para descansar, mas alianças podem ser quebradas em um piscar de olhos. Não seria a primeira vez. Joe e os seus homens ainda eram o inimigo.  
— Que recepção calorosa que tivemos. Essa é a hospitalidade infame do Outfit, — disse o outro homem para Joe ele tinha o mesmo cabelo preto, mas seus olhos eram mais escuros. Ele era alguns centímetros mais baixo que Joe e eles eram inconfundivelmente irmãos.  
— Nicholas, — Joe disse em uma voz baixa que me fez estremecer. Fabiano ainda estava rosnando e lutando como um animal selvagem, mas Joe segurou-o pelo braço.  
— Fabiano, — eu disse com firmeza, segurando seu braço.— É Já basta. Essa não é a forma como tratamos as visitas.  
Fabiano congelou e, em seguida, olhou para mim por cima do ombro. — Ele não é uma visita. Ele quer roubar você, Demi 
Nick riu. — Isso é muito bom. Fico feliz que o pai me convenceu a vir.  
— Mandou você vir, — Joe corrigiu, mas não tirava os olhos de mim. Eu não podia devolver seu olhar. Minhas bochechas ardiam com o calor de ser examinada por ele. Meu pai e seus guarda-costas procuravam ter certeza que GiannaLily e eu não ficássemos em torno de homens com muita frequência, e os que eles deixavam perto de nós ou eram da família ou antigas amigosJoe nem era da família, nem um velho amigo. Ele tinha apenas cinco anos mais do que eu, mas parecia um homem e me fez sentir como uma menina, em comparação.  
Joe soltou Fabiano e eu puxei-o para mim, suas costas contra as minhas pernas. Cruzei as mãos sobre o seu pequeno peito arfante. Ele não parou de olhar para Joe. Eu gostaria de ter a sua coragem, mas ele era um menino, um herdeiro do título do meu pai. Ele não seria forçado a obedecer a ninguém, exceto o Chefe. Ele podia ter coragem.  
— Sinto muito, — eu disse, mesmo que as palavras me faltassem. — Meu irmão não quis ser desrespeitoso.  
— Eu quis! — Fabiano gritou. Eu cobri sua boca com a palma da mão e ele se contorceu, mas eu não o deixei sair.  
— Não se desculpe, — disse Gianna acentuadamente, ignorando o olhar de advertência que atirei a ela. — Não é nossa culpa que ele e seus guarda-costas ocupam muito espaço no corredor. Pelo menos Fabiano fala a verdade. Todo mundo acha que precisa soprar açúcar no rabo dele, porque ele vai ser Capo-  
— Gianna! — Minha voz foi um chicote. Ela apertou os lábios fechados, olhando para mim com os olhos arregalados. — Leve Lily e Fabiano para seus quartos. Agora.  
— Mas... — Ela olhou atrás de mim. Eu estava feliz por não poder ver a expressão de Joe 

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